Fala-se de história, que “esquecemos” o que foi a ditadura no Brasil, que foi um período sombrio e violento, com os diretos políticos e civis negados, com muito sofrimento ao povo. A pergunta que deveria ser feita é: quem de fato sofreu?
A percepção daqueles que viveram a ditadura não é homogênea, com muitas pessoas falando bem da ditadura por conta da sensação de segurança,crescimento econômico e outras situações mantidas pela informação sob controle estrito. Os processos sobre censuras, castigos físicos e assassinatos não tiveram a cobertura devida na época, o que aumenta a sensação de bem estar nas pessoas que não sofreram nada no período, ricos e pobres.
Não importam muito as monstruosidades cometidas, a memoria afetiva e seletiva de muitos não está associado ao que foi investigado e mostrado depois, já no período democrático. Sua memória está relacionada à informação circulante na época, e à sensação sentida.
Podemos presumir os que efetivamente sofreram: pretos com cabelos raspados, com necessidade de andar com a carteira de trabalho para provar que eram trabalhadores e não “vadios”; índios, já que eram considerados um estorvo ao nacional-desenvolvimentismo; e às pessoas (brancas e negras) ligadas à esquerda que permaneceram no país e combateram o regime, sendo presos e mortos.
Como podemos ver, sobra uma massa social intocada, efetivamente apoiante e apoiada do regime militar. Que não tem motivos para se queixar da ditadura, pois como na democracia, são os principais beneficiários do status quo nacional.
Podemos taxá-los de burros, mas não vejo incoerência na movimentação da classe média e alta à favor dos militares. O centro do poder continua na mesma mão.
Uma nostalgia à la Trump: “vamos fazer o brasil grande de novo”, quando na verdade a grandeza do país está em ser carrasco de si, dos povos melaninados.
Burrice está em convencer o grande monolítico branco ceder ou aceitar perda de poder/influência.. Afundam o barco mas não cedem o convés.